Arquitetura Gótica
O estilo gótico se desenvolveu na Europa, sucedendo
o românico desde a quarta década do século XII até meados do século XVI.
A denominação pejorativa “gótica” foi inventada
pelos eruditos do Renascimento com sentido de depreciar a arte que consideravam
bárbaro muito inferior em relação à arte greco-romana.
Foi valorizado e exaltado no século XII pelos
movimentos nacionalistas e românticos europeus e na atualidade se considera
universalmente como um dos momentos mais brilhantes do ponto de vista artístico
do mundo ocidental.
Embora o gótico suceda arquitetonicamente o
românico do século XII, o certo é que ambas arquiteturas respondem a princípios
inspiradores opostos.
A ideia de que só a racionalidade humana é o único
sistema de conhecimento e que as formas sensíveis são só uma aparência enganosa
da verdade, é desprezada pela convicção de que os sentidos são necessários para
descobrir as coisas da natureza, verdadeira fonte de conhecimento.
Como consequência da mudança de mentalidade, no
campo da arte e da arquitetura, o obstinado equilíbrio simétrico e a regularidade
e geometrismo do românico, são desprezados. O arquiteto já não tem que
apegar-se a formas regulares para construir (círculos e quadrados
fundamentalmente) se vê livre para trabalhar, não como uma geometria e sim como
um engenheiro. Portanto, se no campo das ideias se substituiu o idealismo pelo
naturalismo, no campo da arte se substituiu a inteligência abstrata pelo
empirismo.
Uma estética pragmática edifica monumentos onde,
descartadas as superfícies planas, de entalhes de madeira, de projeções, se rompem
com o complexo jogo das saliências e as aberturas, onde as linhas tropeçam, se
cortam, se interseccionam com aspereza, onde todas as previsões da
inteligências são derrotadas pelo imperioso ditado dos atos.
Neste contexto e embora a arquitetura siga sujeita
a certas regras básicas de geometria, os edifícios se libertam do rigor
racional anterior e as suas estruturas se lhes permite a vida e a
espontaneidade. Um edifício gótico pode entender-se como um organismo vivo que
cresce no sentido do sol.
Esta nova arquitetura utiliza uma engenharia
empírica e inventa geniosas soluções tectônicas a fim de criar espaços de
grande altura e colorido.
No mundo românico e gótico, a cor e a luz tiveram
um significado simbólico e didático fundamental. O frequente era que as paredes
das igrejas se decoravam com imagens que mostravam todo tipo de cenas bíblicas,
motivos animalísticos, florais ou geométricos. Da mesma forma, as janelas
abertas nas paredes se decoravam com vitrais frequentemente decoradas com
diferentes motivos.
Se na arte românica a difusão dos vitrais foi ampla
na arte gótica se converte definitivamente em parte essencial de sua razão de
ser.
As soluções arquitetônicas do gótico como o arco, a
abóbada de cruzeiro e o arcobotante deram como resultado a audaz inspiração dos
mestres arquitetos de desmaterializar as paredes dos templos e substituí-los em
grande parte por amplas janelas e vitrais.
Os edifícios do gótico clássico aspiram a
verticalidade, mas sobretudo a criar um ambiente de cromatismo e luz interior
que sugerem o divino ambiente da Jerusalém Celestial.
Este microcosmo de luz e de cor da catedral gótica
se cria mediante os vitrais.
Podemos imaginar sem esforço as intensas emoções do
campesinato medieval, surgido em uma sociedade paupérrima, ao entrar pela
primeira vez no imponente recinto catedrático, maravilhando-se da grandeza do
espaço e das cintilantes luzes de intensas cores que emanavam de suas paredes.
O que será que a arquitetura de uma determinada
cidade pode falar sobre ela? Com base nesta pergunta foi desenvolvido o
trabalho, e durante o desenvolvimento a resposta foi buscada. Para encontrá-la
podem ser apontadas as características de ambos os universos explorados na
pesquisa, a Europa Ocidental nos séculos XIV e XV. Foram apontadas as
características das artes que decoram os mesmos universos, tentando ligá-las
aos acontecimentos históricos ocorridos no avançar dos séculos.
É possível perceber o quanto as características
gerais de um determinado estilo pode estar ligado ao modo de vida vigente ou à
tecnologia disponível na época, além de influências dos estilos existentes
anteriormente, assim como o Romano, o Grego, etc. Mesmo nos dias de hoje, é
possível se observar algumas influências dos estilos arquitetônicos que foram
muito importantes em épocas anteriores, pois afinal, nenhuma arte se “perde”
com o passar do tempo, ela é apenas englobada ou relida por um novo estilo que
privilegiam outras ou novas características. Como exemplo disso pode-se citar a
construção em alvenaria, que se origina dos povos babilônicos; o uso dos arcos
romanos que como o próprio nome diz vem do Império Romano; a imponência das
construções ligadas à religião que também pode ser observado desde o Egito
Antigo com as pirâmides, dentre muitos outros exemplos. Com a arquitetura
medieval não foi diferente, com o passar dos séculos ela foi sendo englobada em
novos estilos, e pode ser percebida (mesmo que sutilmente) nos dias de hoje em
nosso cotidiano.
Assim, os estilos Gótico e Românico, tiveram grande
importância na Idade Média, pois estes refletiam a sua sociedade perfeitamente,
e mesmo nos dias de hoje, em que a sociedade mudou muito comparada àquela época
continuamos a resgatá-la, com a diferença de que agora o fazemos apenas por
questões de estética e não mais de necessidade.
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