Harmonia e respeito entre seres humanos e natureza: uma questão de vida

A história da civilização humana, de sua sobrevivência e evolução ao longo dos séculos, está repleta de períodos de grandes desafios e dilemas que o ser humano teve que enfrentar e superar.
O surgimento e o desenvolvimento da agricultura, desde os primórdios da civilização até o presente, foram as principais formas que o ser humano encontrou para interagir com a natureza e dela tirar proveito, visando atender suas necessidades alimentares básicas e imediatas e ampliar suas conquistas e seu poderio. Obviamente, a interação do ser humano com a natureza, desde os nômades até os povos territorialmente bem-estabelecidos, nunca foi, salvo raríssimas exceções, pacífica e harmoniosa.
A modificação da paisagem, como aparecimento e o crescimento das cidades e da agricultura e consequente degradação dos recursos naturais originalmente eleitos como critérios decisivos para o seu estabelecimento, faz parte da sua contraditória racionalidade. De certa forma, até muito recentemente, o ser humano sempre viu a natureza e principalmente os seus recursos como dádiva infinita e permanente, cabendo-lhe somente, como seu filho privilegiado, dela tirar o máximo proveito, usufruir de todas as suas benesses sem nada ter que pagar ou mesmo retribuir.
Nestas circunstâncias, é impossível falar e acreditar em equilíbrio entre ser humano e natureza ou conciliar a convivência daquilo que entendemos por ambiente como patrimônio inalienável desta e das futuras gerações. A esta altura, surge a pergunta: se sempre assim e nós chegamos até aqui, por que é que devemos nos preocupar com o futuro? O que há de novo no cenário? Vale refletir sobre isso.
É importante lembrar que, no século passado, o ser humano acumulou uma quantidade quase inestimável de conhecimentos e tecnologias, que dão a ele um imenso poder tanto de construção como de destruição jamais visto antes.
Se temos tanto progresso científico-tecnológico acumulado e assistimos à queda de muros e barreiras entre países e povos, com busca aparente de paz, maior entendimento e colaboração em nível global, o que mais devemos temer ou prever de catastrófico ou ameaçador na face da Terra?
Seria perfeito e estaríamos no paraíso se pudéssemos afirmar que não há mais motivos para preocupações e que as ameaças desapareceram. Talvez, por isso mesmo, como um novo paradigma à nossa existência e progresso, a civilização humana terá que transformar o seu modus vivendi e buscar de forma incessante a harmonia e o respeito não somente entre os seres humanos, mas também, de agora em diante, e mais do que nunca, entre os seres humanos e a natureza.

*Sílvio Crestana
In: Elisabete Gabriela Castellano.
Desenvolvimento sustentado: problemas e estratégias.


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