Quando o escargot vira praga
Os caracóis terrestres, conhecidos como escargots, conquistaram grande número de apreciadores em todo o
mundo, e, só na França cerca de 200 mil pessoas têm na criação e
comercialização dos caracóis a sua principal fonte de renda. O crescente
aumento do consumo dessa iguaria pelos brasileiros tem despertado o interesse
de criadores e produtores nacionais de escargots. Essa euforia, porém, esconde um grande problema, que
em breve pode alcançar desastrosas e indesejáveis proporções: os caracóis
atualmente cultivados no Brasil, além dos legítimos escargots da espécie Helix aspersa, pertencem a outra
espécie, a Achatina fulica,
uma verdadeira praga da agricultura, que devasta hortas e plantas ornamentais,
causando muitos danos ao ambiente e prejuízos ao homem.
Originária do leste da África, Achatina fulica foi introduzida em grande parte dos países
tropicais e dos subtropicais indo-pacíficos. Além dos prejuízos no cultivo,
esses moluscos atuam como hospedeiros intermediários de larvas de helmintos
(vermes), agentes causadores de verminoses de interesse médico e veterinário,
entre elas a angiostrongilíase, grave doença que afeta sistema nervoso central
humano e, de outra forma, o trato digestivo. Nesse caso, os sintomas são
semelhantes aos da apendicite aguda, podendo motivar tratamento cirúrgico
quando acompanhada de tumores e obstruções intestinais.
Os grandes problemas relativos a esses animais são a velocidade com que
se reproduzem, as elevadas taxas de crescimento que atingem, o pronunciado
índice de fecundidade e a possibilidade de realizarem autofertilização, ou
seja, não necessitam obrigatoriamente de parceiros para se multiplicarem.
Depois de instalado o problema, solucioná-lo é muito complicado.
*Adaptado da Revista Ciência
Hoje, v. 30, n. 175, 2001.
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