Edificações Neogóticas na Europa
INTRODUÇÃO
O
termo “neogótico” faz referência a um movimento artístico que tem lugar nos
séculos XVII e XVIII na Europa - sobretudo na Grã-Bretanha -, ancorado numa
retomada da arte e da civilização medievais, e em particular da arquitetura
gótica. Os estudiosos falam freqüentemente no gothic revival, como indicam as
obras de Charles Lock Eastlake (1793-1865), A history of
the gothic revival (1871), primeiro trabalho escrito sobre o
assunto, e a de Kenneth Clark (1903-1983), The gothical
revival (1928). A origem do movimento está relacionada à voga
de uma literatura "gótica" no período e à tentativa de rompimento com
a norma clássica, e, sobretudo ao anseio de superar as regras do desenho
arquitetônico instituídas por Andrea Palladio (1508-1580) - na arquitetura
britânica entre 1715 e 1750, fala-se no palladianismo - caracterizadas pela
simetria e regularidade. O neogótico recupera a irregularidade da linha e da
construção, assim como inclina-se aos efeitos insólitos e surpreendentes. O
êxito do novo estilo na Inglaterra é explicado em função da vitalidade do
repertório técnico e formal do gótico em solo inglês pelas obras de
arquitetos como Christopher Wren (1632-1723), John Vanbrugh (1664-1726) e
William Kent (1684 ou 1685-1748).
O
nome do colecionador, letrado e arquiteto amador Horace Walpole (1717-1797) é
associado às primeiras expressões do movimento. Walpole se notabiliza como
autor do primeiro "romance gótico", O castelo de
Otranto (1764), em que prevalecem o horror e o mistério, numa
ambiência construída com cemitérios e ruínas. Na arquitetura, destacam-se pela
casa em que morou em Strawberry Hill, adquirida em 1747, e ampliada no ano
seguinte segundo os princípios do neogótico, combinados ao espírito rococó. O gosto pela originalidade e pela
extravagância se faz notar no palacete gótico de Walpole, considerado por
muitos obra da excentricidade de um antiquário. Apesar das reações, Walpole
lança as bases de um novo estilo que ganha, a partir daí, visibilidade e
reconhecimento. Outra notória construção realizada segundo os cânones do
neogótico é a Fonthill Abbey, em Wiltshire (1795-1807), projetada pelo
arquiteto James Wyatt (1746-1813). O caráter surpreendente da obra (demolida
posteriormente) tem a ver com a sua planta irregular e com o grande campanário
octogonal colocado no centro do edifício. O "gótico rococó" dos
primeiros tempos dá lugar, ao longo da segunda metade do século XVIII e início
do século XIX, a um espírito de pesquisa, alimentado pelo conhecimento
científico, que se articula com ideais religiosos em arquitetos como Augustus
Welby Northmore Pugin (1812-1852). O neogótico é defendido por ele como o mais
adequado às igrejas, opondo-se ao estilo pagão da Renascença. Também escritor e
medievalista, Pugin é um partidário da arte gótica, que ele defende como
integrante de um projeto ético, estético e social. As afinidades com o estilo e
valores da Idade Média se revelam já nas peças de mobiliário para o Castelo de
Windsor, projetadas na juventude. Em 1835, converte-se ao catolicismo,
dedicando-se à construção de casas e, sobretudo de igrejas. O seu ponto de
vista sobre a arte como reflexa de um estado de espírito encontra-se
sistematizado no livro Constrastes (1836),
com o qual adquire fama. Fica claro aí o seu anseio em retomar a forma gótica
em seu sentido construtivo e religioso, assim como o lugar que a sociedade
medieval adquire como modelo orientador para uma reforma da Inglaterra
vitoriana. Pugin é responsável por projetos para o Parlamento inglês, para o
qual desenha a ornamentação do interior e exterior do edifício, incluindo
detalhes menores, como tinteiros de mesas. As idéias de Pugin têm grande
influência sobre John Ruskin (1819-1900) e William Morris (1834-1896) e sobre o
movimento inglês Arts and Crafts, de meados do século XIX.
Da
Inglaterra o neogótico se difunde pelos demais países europeus, e depois para
os Estados Unidos, Canadá e Austrália. A perícia e racionalidade construtiva do
gótico - com suas estruturas reduzidas ao mínimo, arcos em ogivas, agulhas e
capitéis - sublinhada pelos precursores do movimento, será reafirmada pelo arquiteto
e engenheiro francês Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-1879), responsável
pela restauração de diversas catedrais francesas. A Alemanha recebe os influxos
do neogótico por meio dos projetos que o arquiteto George Gilbert Scott I
(1811-1878) realiza no país. Na Itália, a difusão do neogótico beneficia-se dos
escritos e intervenções de Estense Selvatico (1803-1880) - que projeta a
fachada da Igreja de San Pietro, em Trento
(1848-50) - e de Camillo Boito (1836-1914), autor de Arquitetura do medievo na Itália (1880). Elementos do
neogótico entram como componentes do rococó arquitetônico da segunda metade
do século XIX, o que será largamente discutido ao longo do trabalho.
EDIFICAÇÕES NEOGÓTICAS NA EUROPA
O Neogótico ou
revivalismo gótico é um estilo arquitetônico originado
em meados do século XVIII na Inglaterra.
No século XIX, estilos neogóticos progressivamente
mais sérios e instruídos procuraram reavivar as formas góticas medievais,
em contraste com os estilos clássicos dominantes
na época.
O movimento de
revivalismo gótico teve uma influência significativa na Europa e nas Américas,
e talvez tenha sido construída mais arquitetura gótica revivalista nos séculos
XIX e XX do que durante o movimento gótico original.
FUNÇÕES DO EDIFÍCIO
A melancolia e
a destruição eram as emoções que se desejavam associar a estas residências.
Horace Walpole tinha uma tumba em sua sala para dar aquele toque de terror que
não devia faltar em nenhuma casa.
Em 1815 muitas
igrejas eram construídas em uma expressão de gratidão nacional pela vitória da
batalha de Waterloo.
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DO EDIFÍCIO
As edificações
do neogótico continham na sua organização espacial grandes alas formadas por
corredores que muitas vezes não conduziam a parte alguma; átrios com largas
escadarias que nada tinham de gótico, porém tinha as proporções desmedidas de
uma igreja gótica, com portas e janelas muito altas e estreitas; as fachadas
também eram partes constituintes neste tipo de construção.
CARACTERÍSTICAS PLÁSTICAS DO EDIFÍCIO
O pitoresco e
o sublime se fundiram no neogótico.
Planos de
linhas interrompidas, volumes assimétricos e pisos sinuosos era a moda.
As fachadas
tinham faixas de tijolos vermelhos e pretos em padrões exagerados. Torres,
detalhes esculturais e volumes atrevidamente angulares proliferavam.
PRINCIPAIS ELEMENTOS DECORATIVOS
E ARQUITETÔNICOS (PAREDES, COBERTURAS, ABERTURAS)
O neogótico
não se limitou à arquitetura. Mobília neogótica
é encontrável na Inglaterra desde 1740, como por exemplo na mansão de Lady Promfet em Arlingtons
Street,
Londres, e a Abbotsford, de Sir Walter Scott, exemplifica o gótico regência em seu
mobiliário. Decorações neogóticas foram produzidas com baixo custo em papel de
parede e cerâmicas. O catálogo da Grande Exposição de
1851 está
repleto de detalhes neogóticos, desde rendados e tapetes até maquinaria pesada.
Ruskin, que
exercia grande influência na arquitetura por meio de seus escritos fervorosos,
decretou: “A ornamentação é a parte principal da arquitetura”. Ele tinha uma
inclinação por pedras profusamente coloridas, em “toda variedade de nuances, do
amarelo claro ao violeta, passando pelo laranja, o vermelho e o marrom” ao
verde e ao cinza.
Na Câmara dos
Lordes, interior da Casa do Parlamento, Pugin projetou o interior baseando-se
gótico perpendicular. Onde, embora as braçadeiras do telhado fossem feitas com
um novo material, o ferro, toques como afrescos, vitrais, mosaicos, painéis
dourados, madeiras esculpidas e estátuas lhe dão um ar medieval.
Tudo – de
chalés a castelos – foi decorado com ornamentos medievais, como torres e ameias
(parapeito construído com denteações alternadas (vãos) ou partes salientes
(merlões), usualmente no alto de uma parede de defesa do castelo); esculturas
em pedra, papel de parede.
Abóbadas,
arcos ogivais, torres, pontas e remates, arcobotantes, gárgulas também estavam
presentes.
Após 1850, a
arquitetura gótica tornou-se crescentemente bizarra. As construções eram
volumosas, erguidas em alvenaria e pedras multicoloridas.
CARACTERÍSTICAS DO ESTILO
O estilo de
construção foi catalisado pela moda dos romances góticos, que se passava em
castelos escuros, mal-assombrados, que eram tanto irregularmente pitorescos,
quanto atacados frequentemente por tempestades sublimes.
Linguagem
nostálgica e resgate de estilos passados;
Mesclagem de
leituras históricas, proporcionando obras bastante ecléticas;
Reproduções
quase fiéis de igrejas e castelos medievais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Falar
da arquitetura Neogótica é falar de toda a riqueza do Gótico que foi revivida
no século XIX e começo do XX, com o Ecletismo. Em consequência do saudosismo
(revival) que tomou conta da Europa depois, que Pompéia, coberta pelas lavas do
Vesúvio em 79 d.C., foi desenterrada em meados do século XVIII. Começando a
busca de estilos antigos como fontes de inspiração e aparecendo estilos
batizados com o prefixo neo, entre eles o neogótico. O século XIX foi pródigo
em estilos arquitetônicos. Na época nem arquitetos, nem críticos se deram conta
disso. Hoje, mais distante é fácil detectar o que aconteceu então. O estilo
Neoclássico era o mais corrente. Mas todo o Ecletismo também era muito usado;
usado também o Romantismo que não foi estilo arquitetônico, mas que era
representado pela Belle Époque que chegou a influenciar a arquitetura. A
Arquitetura do Ferro, produto da Revolução Industrial, não era nem detectada.
Era encarada como uma solução técnica e as primeiras construções eram encapadas
com arquitetura neoclássica, para - esconder o ferro -. Pouco a pouco ele se
libera e começa a dar as ordens nas construções. Hoje, já se reconhece a
existência do que acabamos de chamar de Arquitetura do Ferro, nome dado nos
nossos dias.
*Esta
é a reprodução de um trabalho acadêmico de arquivo pessoal.
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