Mosteiro de Alcobaça
Mosteiro de Alcobaça
O
Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (também conhecido como Mosteiro de Alcobaça), é a primeira obra plenamente gótica
erguida em solo português. Foi fundado em 1178 pelos monges de Cister.
É considerado patrimônio mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho
de 2007
foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal.
Histórico
No
fim do século X
organizou-se em Cluny,
na Borgonha,
um novo mosteiro beneditino que procurava renovar a regra de S. Bento. As igrejas cluniacenses
eram cheias de belos elementos decorativos. Contra estas manifestações de gosto
pela beleza natural, insurgiu-se Bernardo de Claraval, que se recolhera em 1112 em Cister, donde
saíra para fundar a Abadia de Claraval e animar mais uma reforma
que restituísse à ordem de S. Bento todo o rigor inicial. Os religiosos de
Cister deviam viver do seu trabalho, não acumular riquezas, e os
mosteiros seriam edificados em lugares ermos, sem qualquer decoração. Enquanto D. Afonso Henriques se empenhava na Reconquista,
chegaram ao território português os monges de Cister que fundaram o Mosteiro de São João Baptista de
Tarouca em 1140.
Diz
a lenda que o primeiro rei de Portugal doou parte das terras da região de Alcobaça a S. Bernardo, em cumprimento da
promessa feita quando da conquista de Santarém. Se se comparar a planta do Mosteiro
de Alcobaça com o da segunda igreja de Claraval, temos que tem o mesmo desenho
base. É de cerca de 1152
a construção provisória do mosteiro, e é conhecida no mesmo ano uma referência
ao seu abade e a respectiva carta de
couto é do ano seguinte.
Os
primeiros monges, monges brancos, tiveram uma ação civilizadora notável: em 1269 abrem a primeira
escola pública. No tempo do geral Fr. Sebastião de Sotomaior tomaram grande incremento
as oficinas de imaginária da Abadia. Também desempenharam ações de assistência
e beneficência através da enfermaria e portaria.
Caracterização Arquitetônica
Trata-se
de uma estrutura de planta em cruz latina. A atual fachada
é do século XVIII, restando do gótico
primitivo o portal de arcos ogivais e o arco da rosácea. A concepção arquitetônica deste
monumento, desprovida de decoração e sem imagens, como ordenava a Ordem de
Cister, apresenta uma grandiosidade e beleza indiscutíveis. As naves central e laterais são inteiramente
abobadadas, praticamente da mesma altura, dão a sensação de amplo espaço, a que
o processo de iluminação, românico ainda, dá pouca luz e o torna maior. As naves
laterais prolongam-se pelo deambulatório, e da charola irradiam nove capelas
que acompanham a ábside circular, iluminada por frestas altas, o que realça o
altar-mor.
A
segurar a parte alta da ábside existem arcos-botantes, pouco vulgares nas abadias de
Cister, talvez por ser um monumento de transição entre o românico e o gótico.
As inovações típicas da arte gótica aparecem ainda com o aspecto de um ensaio,
como por exemplo a subida das naves laterais até à altura da central. O transepto
apresenta-se com duas naves, mas quando olhamos a planta da igreja,
reconhecem-se três, nos alicerces e no corpo central. Contíguo à sacristia
fica o Jardim das Murtas, onde em 1690 foi construída a capela de Nossa Senhora do Desterro, com
uma bela fachada manuelina. A parte térrea do claustro foi
mandada construir por D. Dinis, e é o mais antigo claustro
cisterciense de Portugal. Do lado norte do claustro, e ligado a ele, situam-se
o refeitório com um púlpito, com uma escada na parede, e a ampla cozinha onde se
assavam rezes inteiras.
O
deambulatório é uma obra complexa, a sua estrutura interior - o presbitério,
propriamente dito - articula-se com a nave por intermédio de duas paredes
opostas, retas, marcadas por dois pilares nos extremos e de cada lado; oito colunas de
grande diâmetro e robustez com capitéis de cesto troncocônico côncavo e ornamentação
vegetalista muito simplificada, sustentam arcos
quebrados muito aperaltados; a abóbada,
nervurada e ligeira, parte de meias colunas cuja raiz se situa acima daqueles
capitéis. A parte exterior do Deambulatório é dotada de uma abóbada mais pesada
e de acordo com os sistemas mais simples utilizados no restante edifício.
O
dormitório dos monges
é constituído por três naves e onze tramos acrescidos de mais dois no topo que
ocupa o andar superior.
A
sala do capítulo, uma das dependências mais importantes na hierarquia funcional
da Abadia,
reporta-se a um período em que o templo já existia - meados do século XIII
- e revela um estado mais avançado dos trabalhos sendo estruturada por quatro
pilares centrais, com seis colunas enfeixadas, capitéis de cesto mais alto
ornados com temas vegetalistas com «crochets» em dois andares, de onde partem
radialmente as nervuras de secção mais complexa com duplo toro boleado.
O
claustro de D. Dinis constituído por dois registos com quatro alas de tramos
marcados por contrafortes de andares. No registo inferior arcada rebaixada
contendo arcos plenos, tribolados, e quebrados, sobre colunas grupadas com
capitéis vegetalistas, encimados por óculos; galerias abobadadas com cruzarias
de ogivas apoiadas em mísulas. O registo superior abre para a quadra por arcos
plenos duplos e triplos sobre colunas assentes no parapeito.
Este
claustro foi mandado construir pelo próprio D.Dinis.
O
claustro de D. Afonso VI tem dois andares, uma sala retangular precedida por
galeria com cinco arcos e duas salas abobadadas em aresta.
O
interior do edifício demonstra a existência de um gótico avançado, o exterior
do edifício exprime a austeridade cisterciense,
neste caso orientada para objetivos mais pragmáticos. De fato, como aconselhava
a regra, não existem torres, e as fachadas, nomeadamente o frontispício possuía
apenas uma parede lisa com empena triangular. As paredes são contrafortadas,
excetuando a cabeceira, na qual surgem pela primeira vez arcobotantes
na arquitetura
portuguesa. A coroação do templo, pelo exterior, é composta por merlões com
topo biselado dos dois lados, sobre um parapeito que descansa numa fiada de
modilhões. Esta característica confere ao conjunto uma solidez militar
um ar de fortaleza.
Estes
e outros aspectos poderão desmentir a escassa influência do mosteiro de
Alcobaça na história da arquitetura portuguesa. De fato, o monumento tem sido
sempre encarado como uma exceção no quadro do modo gótico produzido em Portugal
como uma peça única e experimental sem antecedentes nem descendentes.
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