O AGROTURISMO COMO NOVA FONTE DE RENDA PARA O PEQUENO AGRICULTOR BRASILEIRO
As
transformações pelas quais tem passado, nas últimas décadas, o meio rural brasileiro
contribuem para não considera-lo como essencialmente agrícola.
Pesquisa
mostra que o número de produtores rurais que exercem atividades não agrícolas
dobrou durante os anos 90.
AS VARIAÇÕES
CONCEITUAIS DE TURISMO NO MEIO RURAL
A literatura
aponta uma grande diversidade de conceitos de turismo rural que, de certo modo,
traduzem as suas diferentes possibilidades.
O agro
turismo refere-se às atividades turísticas que ocorrem no interior das
propriedades com atividades agropecuárias produtivas.
Considerações
sobre o ecoturismo: impactos socioambientais causados, benefícios gerados pela
atividade turística às comunidades locais e o enfoque na educação ambiental que
é proporcionada.
O termo
“turismo no meio rural” ou “turismo em áreas rurais” é usado para designar uma
amplitude maior de oportunidades que agregarem qualquer atividade de lazer e de
turismo, realizada em áreas rurais, envolvendo além do agro turismo, outras
atividades não relacionadas com propriedades agropecuárias produtivas.
O TURISMO
RURAL COMO VETOR DE DESENVOLVIMENTO
O
desenvolvimento regional ou local constitui uma das alternativas mais viáveis
para se enfrentar os desafios da globalização.
Um dos
pontos importantes a considerar na perspectiva do desenvolvimento local
refere-se ao aproveitamento das especificidades de cada localidade ou
território e ao pleno aproveitamento das suas potencialidades e oportunidades.
O turismo no
meio rural pode contribuir para a valorização do território.
As
diversidades das situações agrárias, das rendas, dos povoamentos e do meio
físico levam a modelos diferentes de desenvolvimento do turismo no meio rural.
O processo
de desenvolvimento do agro turismo deve se dar em nível local, com o
envolvimento e a participação de todos os atores sociais devidamente representados,
e com uma avaliação criteriosa do potencial turístico, tendo como referência a
cultura local.
Além do
ecoturismo, outras modalidades de turismo que ocorrem estritamente no meio
rural – turismo de aventura e turismo de pesca – foram registradas em muitos
municípios.
Para uma
análise do potencial turístico dos municípios brasileiros podemos considerar
tanto os atrativos naturais como os culturais.
Destacam-se
entre outras atividades, a disponibilidade de áreas de caça/pesca, de
grutas/cavernas e de mangues/manguezais.
No caso das
tradições culturais, as festas religiosas são as mais frequentes.
ALGUMAS
EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS DE TURISMO NO MEIO RURAL
A Associação
Brasileira de Turismo Rural tem 1150 propriedades cadastradas em turismo no
meio rural, das quais 420 estão localizadas no Estado de São Paulo.
Com o
objetivo de avaliar os aspectos positivos e as limitações do
ecoturismo nas regiões sul e Centro-Oeste de nosso país, o Instituto de
Ecoturismo do Brasil, em convênio com o Instituto Brasileiro de Turismo,
concluiu em 1998 a primeira etapa de um estudo realizado em locais onde esse
turismo já é praticado.
No caso da
região Centro-Oeste, a pesquisa identificou que no Estado de Mato Grosso do
Sul, nos polos do Pantanal Sul e na Serra da Bodoquena, há hotéis bem equipados
que convivem com ausência de informações sobre atrativos e passeios.
Há vários
exemplos de propriedades na região que integram o ecoturismo à produção
pecuária – gado, cavalos, jumentos, pôneis e ovelhas.
O ecoturismo
também representa uma oportunidade de negócio para os produtores agropecuários,
mas por uma série de dificuldades de planejamento e gestão, e mesmo por falta
de tradição, os pequenos produtores não têm se aventurado a implementar
empreendimentos dessa natureza.
PERSPECTIVAS
DO TURISMO NO MEIO RURAL BRASILEIRO
Ênfase ao agro
turismo, uma modalidade que mais diretamente pode representar uma renda
complementar aos pequenos agricultores.
Qualquer
iniciativa regional ou local para o desenvolvimento do turismo no meio rural
deve se iniciar por um zoneamento econômico e ecológico do espaço rural,
seguido de uma descrição dos principais produtos turísticos e análise de sua
demanda atual e potencial, do ordenamento territorial das atividades produtivas
e do cadastramento de agricultores, beneficiados devido ao seu potencial de
explorar o agro turismo.
Para que um
empreendimento de turismo no meio rural tenha sucesso é desejável que se
instalem agências e operadoras de turismo locais, que caracterizem melhor os
produtos oferecidos, que estabeleçam um vínculo mais estreito com os pequenos
agricultores, que sejam mais sensíveis aos potenciais e problemas locais e que
explorem adequadamente os diferentes “nichos” de mercado.
Ressalta-se
também que, por questão de escala, na maioria das vezes um único agricultor não
tem condições de oferecer um determinado produto turístico.
Apesar de
certos problemas, o turismo no meio rural tende a alterar toda a dinâmica do
local, trazendo muitos benefícios.
POLÍTICAS DE
TURISMO NO MEIO RURAL
A Política
Nacional de Turismo contém 23 programas, tendo alguma relação direta ou
indireta com o agro turismo, como o Programa Nacional de Ecoturismo, o Programa
de Capacitação Profissional para o Turismo, o Programa de Iniciação Escolar
para o Turismo, o Programa da Pesca Amadora, o Programa do Artesanato
Brasileiro, o Programa Nacional de Municipalização do Turismo e o Programa do
Turismo Rural Brasileiro.
O Programa
de Capacitação Profissional para o turismo é de grande relevância, tendo como
objetivo principal qualificar e requalificar trabalhadores para a indústria
turística nacional pelo fomento a ações de formação, capacitação e
aperfeiçoamento profissional.
O Programa
Nacional de Municipalização do Turismo, coordenado pela EMBRATUR, vem mostrar a
disposição do setor público no sentido de priorizar o turismo interno e
regional, por meio de iniciativas descentralizadas e locais.
A EMBRATUR
destaca, no Programa de Turismo Rural Brasileiro, o intercâmbio entre o homem,
a cidade e o meio rural, enfatizando a consciência da necessidade de proteger o
meio rural e todo seu patrimônio cultural, traçando como estratégias:
a. A compatibilização da conservação e o desenvolvimento dos recursos
turísticos;
b. A criação de uma oferta de alojamento e recreação não concentrada e de
pequena escala;
c. O contato com a natureza;
d. Um turismo organizado e administrado pela população rural.
Mesmo sem
conhecer como essas estratégias serão transformadas em políticas específicas
para o setor, nem com que instrumentos elas serão implementadas, o item d
mostra indicativos de que também nesse programa está se priorizando o local e o
regional, o que a princípio já é um grande avanço em relação a outras políticas
centralizadas do passado.
O problema
inicial detectado foi que as atividades de turismo rural não são ordenadas e
são pouco desenvolvidas.
O papel do
Estado e de suas instituições torna-se relevante, pois os resultados serão
muito diferentes à medida que apoiem uma ou outra modalidade de turismo.
Com essas
ações de planejamento, deve-se definir e caracterizar bem os produtos
turísticos, assim como as outras etapas do processo de marketing, que consistem
na definição dos preços desses produtos, na sua promoção e nos locais de sua
comercialização.
O município
poderia também estruturar um sistema de informações computadorizadas, contendo
todos os detalhes do diagnóstico realizado quanto ás perspectivas do agro
turismo na sua região, de modo a orientar os agricultores interessados na
implantação do seu negócio.
As agências
e operadoras de turismo no local teriam maior facilidade para interagir com os
ofertantes dos produtos agro turísticos.
A
participação comunitária mais efetiva deve ser construída gradualmente e as
deliberações referentes ao controle ambiental devem considerar as repercussões
de se tomar medidas mais radicais nos segmentos sociais menos preparados e
menos articulados socialmente, como é o caso dos pequenos agricultores.
Quanto às
políticas públicas de apoio ao agro turismo, deve-se considerar a sua
flexibilização em função do espaço local.
O grande
desafio de qualquer proposta de medidas para incentivar o agro turismo é como
fazer com que os pequenos agricultores também se tornem empresários de turismo,
levando em conta que essas medidas não podem ser isoladas, mas devem compor um
plano local de desenvolvimento rural integrado.
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