Projeto - Turismo Rural

INTRODUÇÃO
O turismo rural apresenta várias modalidades e diferentes possibilidades de integração com as práticas agropecuárias cotidianas, como a criação de animais silvestres, aves exóticas, atividades esportivas, culturais e medicinais.
Segundo a Associação Brasileira de Turismo Rural, há na região norte 176 propriedades voltadas para o segmento. Desse total, 33 estão no Pará, isso inclui hotéis e pousadas na selva.
Mas é na maior ilha fluvial do mundo, o Marajó, que o turista entra em contato mais próximo com a realidade rural do Estado. Uma fazenda marajoara é diferente de tudo que alguém já viu. Na imensidão dessas fazendas pode se encontrar jacarés e capivaras, macacos e garças. A dica para o turista é se hospedar nessas fazendas.
Durante muito tempo esses locais só eram desfrutados por quem vivia ali. Atualmente, os praticantes de turismo rural encontram no Marajó um espaço ideal para conviver com o dia-a-dia do homem amazônico. Mas é na Comunidade de Vila de Pesqueiro que encontramos projetos desenvolvidos no sentido de implantar esse tipo de turismo, vale à pena conhecê-los.

  1. TEMA GERAL: Projeto das Ações de Diretrizes Para o Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil
  1. TEMA ESPECÍFICO: Envolvimento das Comunidades
  1. OBJETIVO GERAL: Promoção de Encontros e Intercâmbios
  1. OBJETIVO ESPECÍFICO: A realização de ações visando o engajamento da comunidade e a troca de experiências que deve ser incentivada e apoiada, e contar com a participação da sociedade organizada, de técnicos e empreendedores, de instituições públicas e privadas, e debatidas as possíveis consequências positivas e negativas da implantação do Turismo Rural.
  1. ÁREA DE PESQUISA: Ilha do Marajó – Soure – Comunidade Vila de Pesqueiro
1.1.        Turismo Rural no Marajó
A atividade ainda é insipiente na região, mas é promessa de desenvolvimento aliado a preservação ambiental e prosperidade financeira.
Uma boa alternativa para que as fazendas pecuaristas do Marajó superem a crise por que passam desde a década de 90 é o investimento no turismo rural. A mudança de ramo de atividade requer investimentos, que pouco ou quase nunca se fazia na região, e especialmente a superação de conflitos históricos entre os diferentes atores sociais do arquipélago, mas é promessa de preservação da natureza e retorno financeiro. A ideia é pensar o desenvolvimento do país a partir do incentivo a experiências locais.
Aplicar o conceito e a metodologia dos arranjos produtivos para analisar o setor rural e turístico é uma originalidade do trabalho. Um arranjo produtivo é uma aglomeração de firmas. A partir do momento que essas firmas, de qualquer espécie, passam a cooperar entre si, elas deixam de ser apenas um aglomerado e se tornam algo mais sistêmico, no sentido de oferecer um conjunto de serviços.
Foi considerado como integrantes do arranjo no Marajó, mais especificamente em Soure e Salvaterra, agências de viagens e turismo, hotéis, fazendas, restaurantes e empresas de transporte. Como agentes não-econômicos, foi considerado ainda Sebrae, Companhia Paraense de Turismo (Paratur), prefeituras e organizações de classe, onde a associação mais atuante é a que representa os fazendeiros. A dos artesãos é muito pouco participativa. Aliás, a fraca articulação entre as empresas do arranjo é um dos problemas que precisam ser superados, até porque a atividade turística no arquipélago ainda é incipiente, e não é por falta de atrativos naturais.
Historicamente, os fazendeiros viviam brigando uns com os outros, ou por terra, ou por água, ou por questões políticas - dado que muitos deles eram políticos locais (prefeitos, vereadores). Então tiveram uma história de conflitos e quando se trabalha com arranjos produtivos locais é preciso superar divergências e tentar fazer com que as pessoas confiem umas nas outras.

1.2.        Investimento em mão-de-obra é um dos desafios
Uma das vantagens do arquipélago de 50 mil quilômetros quadrados e 12 municípios, localizado na foz do rio Amazonas, é o fato de poder aliar ao turismo rural o turismo ecológico e ainda o arqueológico. Os turistas podem desfrutar de passeio de búfalo, visita a currais, ordenhas, caminhadas por trilhas, navegação em canoas. Em algumas fazendas ainda se encontra vestígios de cerâmica sem precisar de escavação e uma das fazendas chegou a criar uma réplica de cemitério indígena.
O investimento visando atrair turistas já é um bom sinal, já que as inovações são condição fundamental para que um arranjo se torne alternativa econômica complementar ou principal. A pecuária no Marajó é quase uma atividade extrativa. O gado fica largado em campos naturais. Um retorno sem investimento. Quando se trabalha com turismo rural, tem-se que aumentar a área construída e investir na mão de obra. Os fazendeiros têm a seu favor empregados que já dominam as atividades tradicionais, mas que precisarão aprender a lidar com as exigências de diferentes perfis de turistas, e preferencialmente aprender uma língua estrangeira, como já acontece no Pantanal. E mais que isso, para um fazendeiro, seria ótimo uma mão de obra que fosse extremamente subordinada. Hoje em dia a criatividade é muito mais importante do ponto de vista do empreendimento, há necessidade de redefinir as relações com os funcionários das fazendas. Se essas pessoas forem dispensadas, quem precisará se qualificar será os profissionais especializados em turismo que geralmente não dominam as práticas locais. O interessante, é que, apostando na atividade, os fazendeiros deixam de optar pela derrubada da mata e plantação de capim, evitando assim um problema ecológico.
As histórias do Marajó e da pecuária andam juntas, e o turismo nas fazendas é tão antigo quanto as próprias fazendas, o turismo acontecia de forma espontânea, sem que houvesse uma iniciativa local para atrair viajantes. Era década de 1980. Havia uma agência da família Alacid Nunes que estimulava esse trajeto, mas, quando fechou, as fazendas deixaram de oferecer o serviço. Pelos anos de 1990, com a decadência da pecuária no Marajó pela concorrência forte com o Sul do Pará e a falta de investimentos na área, o Sebrae viu uma oportunidade de desenvolver o turismo nas fazendas, como já acontecia tanto no Sul do Brasil como em outros países europeus e latinos.
Das cerca de 200 fazendas que existem em todo o arquipélago, apenas três ofertavam visitação até o início do projeto de diversificação da oferta turística e só uma delas proporcionava hospedagem.

1.3.        Em Soure, Vila do Pesqueiro, alvo de projeto de turismo sustentável
O arquipélago do Marajó, no norte do Pará, é uma das regiões mais pobres do estado, apesar de ser bastante explorada pelo turismo ecológico, recebendo turistas do mundo inteiro. As agências turísticas oferecem aos seus clientes pacotes completos com hospedagem, alimentação e passeios programados, excluindo os habitantes das ilhas da cadeia produtiva do turismo na região.
A Praia do Pesqueiro é uma das mais belas e visitadas do Marajó, virtudes que, no entanto, não se transformam em geração de emprego e renda para os habitantes da vila, que tiram o seu sustento da pesca. O ramo turístico está concentrado nas mãos de empresários, que geralmente nem são da região. A verdade é que os moradores do Pesqueiro estão alijados do processo de desenvolvimento.
Há projetos de extensão que visa trabalhar na organização dessas pessoas para se traçar um plano local de desenvolvimento turístico da vila. Isso implica em capacitação para o gerenciamento do turismo, condição fundamental para a auto sustentabilidade. São programadas atividades para o ano todo, que consistem inicialmente em reuniões para fortalecer a organização local em associações. As inserções da comunidade no turismo são pautadas pela preservação do modo de vida tradicional, para evitar que o ambiente da vila se polua.

1.4.        A Comunidade
Os moradores da Vila de Pesqueiro, em Soure, preparam-se para receber turistas desde 2006. A vila é o novo produto turístico do Marajó, lançado pelo Sebrae e a Paratur. No local, foi implantado o turismo comunitário um segmento que valoriza os aspectos socioculturais dos lugares e a rotina dos moradores como roteiros.
A Vila de Pesqueiro localiza-se em um dos municípios privilegiados do Marajó. Soure fica na costa oriental da ilha, considerada a mais bela. Com 351 moradores, a localidade sobrevive basicamente da pesca.
A Vila do Pesqueiro, comunidade tradicional marajoara, não se beneficiava com o fluxo turístico ocorrido na praia. Então, o cartão postal tradicional da ilha decidiu deixar de ser apenas um passeio de uma tarde e está se capacitando para atrair turistas, principalmente pessoas descoladas que valorizem a cultura local e o desenvolvimento do turismo consciente e integrado.

1.1.        Projeto monitorado
O ‘Vila de Pesqueiro’ faz parte da roteirização do Projeto Turismo Amazônia do Marajó, realizado pelo Sebrae no Pará, Paratur, e que conta com o apoio das prefeituras de Soure e Salvaterra e das comunidades locais.
O produto turístico é monitorado, isto significa que as atividades são acompanhadas.
O projeto Turismo Amazônia do Marajó atende empreendedores do setor hoteleiro, gastronômico e receptivo turístico - guias, condutores, agentes de receptivo e transportadoras - e artesãos organizados em grupos, associações e cooperativas que integram o roteiro Amazônia do Marajó - Soure e Salvaterra.
O objetivo do projeto é promover o desenvolvimento do setor turístico e artesanal de Soure e Salvaterra, visando inserir os produtos e serviços no mercado nacional e internacional, com qualidade e sustentabilidade.

1.2.        Roteiros ecologicamente corretos
A ideia do turismo comunitário é aproveitar a rotina dos moradores e explorar as manifestações culturais e as belezas naturais, o que acontece na Vila de Pesqueiro, onde os turistas têm seis opções de roteiros entre passeios durante o dia e uma programação especial à noite: passeio na vila, no igarapé, de búfalo; caminhada no mangue; pesca da rabiola; e o luau na praia.
Por se tratar de uma Unidade de Conservação – Reserva Extrativista, para participar dos passeios os turistas são alertados para os cuidados que devem tomar.

1.3.        Roteiros
  Caminhada no mangue
Acompanhar o catador de caranguejo e de turu que mora na Vila de Pesqueiro em mais um dia de trabalho, fazendo uma caminhada pelo mangue. Boa oportunidade para admirar a beleza da fauna e flora.
  Passeio no igarapé
Um passeio de canoa que leva o visitante para o interior da ilha, observando a fauna e a flora da região.
  Vila do Pesqueiro
Passear pela vila para conhecer o modo de viver da comunidade de pescadores e ouvir muitas histórias de pescadores, lendas e mitos da comunidade.
  Passeio de Búfalo
Montado em um búfalo, o turista percorre mais de cinco km na praia do Pesqueiro, tendo a possibilidade de se banhar no Igarapé do Barco em uma parada para o descanso.
  Luau na Praia
Uma festa que ocorre em algumas noites especiais, na qual a comunidade enfeita a praia com tochas e puxa as canoas para a areia, onde são servidas as comidas marajoaras. Com o grupo folclórico da vila, a festa ganha mais animação.

  1. CRONOGRAMA:
1º dia: Pela manhã passeio de barco pelo rio Paracauary, para conhecer um pouco da natureza local, navegar pelo rio e furos em canoas menores. O almoço na praia do pesqueiro, onde está localizada a Vila do Pesqueiro. Após o almoço os visitantes ganham suas redes, doadas pelo projeto, aprendem como amarrá-las nas malocas da praia e vão caminhando para a Vila. Suas malas ficam nas casas em que irão se hospedar. As casas são selecionadas por sorteio. Passar o resto do dia na Vila conhecendo os moradores e o jantar que é oferecido pelo grupo de mulheres da associação local denominado o grupo da gastronomia. Cada noite duas cozinheiras oferecem o jantar que é servido na escola. As cozinheiras jantam com o grupo.
2º dia: Neste dia se iniciam os passeios oferecidos pelos moradores da Vila do Pesqueiro. Pela manhã o grupo é levado para a praia e é ensinado o processo de produção do óleo de andiroba. Durante a tarde o grupo é guiado por dois moradores, para o final da praia para conhecerem como se extrai o Turu. Alimento valorizado na culinária marajoara. Durante os momentos livres o grupo fica nas malocas da praia.
3º dia: Existe um projeto desenvolvido por jovens na Vila do Pesqueiro chamado “Marajó Aventura”, no qual os jovens organizam passeios com esportes ligados a cultura regional como caiaques, canoas e búfalos. Pela manhã é iniciada uma atividade com o “Marajó Aventura”. O grupo vai de caiaque até o cocal de um morador do Pesqueiro próximo à Vila. Vão acompanhados por outro morador com outro barco chamado rabeta, como barco de apoio. Ao chegarem ao cocal tomam água de coco, descansam e seguem de rabeta para outra Vila chamada Vila do Céu. Conhecem outro povoado e outra praia. A liderança da Vila oferece o almoço na sede da comunidade, onde almoçam e conversam com as pessoas da Vila do Céu. Após o almoço retornam para o Pesqueiro. À noite a comunidade apresenta para a dança do carimbó, tipicamente marajoara.
4º dia: Neste dia o grupo sai com o pescador e seu filho em uma canoa a remo para pescar com malhadeira. A tradicional pesca que eles fazem na Vila nos igarapés próximos. No restante do dia ficam na praia e à noite, após o jantar, mais uma vez há a dança de carimbo.
5º dia: Partem cedo da Vila do Pesqueiro, despedem-se de “suas famílias”, são presenteados na saída.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Marajó está entre os mais importantes cenários ecológicos do Brasil. Com cerca de 3 mil ilhas e ilhotas, é o maior arquipélago flúvio-marítimo do Planeta e uma Área de Proteção Ambiental - APA. Possui exuberantes riquezas naturais espalhadas nos cerca de 50 mil quilômetros quadrados da principal ilha, o Marajó.
Há também caminhos abertos pelos povos extintos, que também deixaram seus traços nas cerâmicas com desenhos que inspiram artistas até os dias de hoje. Há cerca de três mil anos, uma tribo de cultura avançada - os índios conhecidos como marajoaras - começou a povoar a ilha e deixou lá esse legado artístico e cultural.
Conhecer uma ilha mágica onde tribos indígenas viveram e só deixaram alguns artesanatos como prova, onde quase todo dia tem um arco-íris e onde há mais búfalos do que gente, é muito interessante. Por sua vez, ficar um tempo em uma comunidade, vivendo com os pescadores e conhecendo um pouco mais da cultura marajoara é um diferencial oferecido pela comunidade da Vila do Pesqueiro, na Ilha de Marajó (PA). Vale a pena conhecer e divulgar suas belezas ricas e naturais, preservando e cuidando do meio ambiente. 

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