Principais tipos de nascentes

Uma nascente nada mais é que o aparecimento, na superfície do terreno, de um lençol subterrâneo, dando origem a cursos d'água. Cada curso d'água tem associado a si uma nascente, fato que nos leva a concluir que o número de cursos d'água de uma dada bacia é igual ao seu número de nascentes. Portanto, degrada (diminuindo sua vazão) ou extinguir uma nascente implica diretamente em diminuir o número de cursos d'água ou a sua vazão. Isso, por sua vez, terá como consequência imediata a redução da vazão total da bacia ou da sua produção de água.
Os mecanismos responsáveis pela formação das nascentes são bastantes complexos, uma vez que se trata de um assunto multidisciplinar, envolvendo estudos de geologia, geomorfologia, hidrologia, solos e vegetação. Por isso, as informações aqui apresentadas são básicas, mas servirão de subsídio para um plano de conservação ou recuperação de uma nascente.
Qualquer que seja o tipo de uma nascente, em geral a sua formação é condicionada à existência de uma interface (encontro) entre o nível freático de um aquífero de água subterrânea e à superfície topográfica do terreno. Em terrenos ígneos e metamórficos, as nascentes estão, em geral, associadas a fraturas portadoras de água e interceptadas pelo relevo. Nem sempre, contudo, elas são visíveis, devido à cobertura por material inconsolidado que se acumulou nas encostas.
A nascente de um rio refere-se ao local mais a montante de seu curso principal.
Quanto ao regime (vazão), as nascentes são classificadas em perenes, intermitentes e efêmeras.
  • Nascentes perenes: as perenes são caracterizadas por apresentarem um fluxo de água contínuo, ou seja, durante todo o ano, inclusive na estação seca, embora com menor vazão. Existem casos, em que quando em épocas muito secas e em locais onde o leito do curso d'água é formado de material muito poroso, o ponto de afloramento dessas nascentes pode ficar muito difuso.
  • Nascentes intermitentes: as nascentes intermitentes são aquelas que apresentam fluxo de água apenas durante a estação das chuvas, mas secam durante a estação seca do ano. Em alguns casos, seus fluxos podem perdurar de poucas semanas até meses. Existem também os casos em que, em anos muito chuvosos, elas podem dar a impressão de serem perenes.
  • Nascentes efêmeras: as nascentes efêmeras, também conhecidas como temporárias, são aquelas que surgem durante uma chuva, permanecendo durante alguns dias e desaparecendo logo em seguida. Portanto, elas surgem somente em resposta direta à chuva. As nascentes efêmeras, apesar de ocorrerem em todos os tipos de clima, são mais frequentes nas regiões áridas e semiáridas.
De modo geral, as nascentes produzem vazões muito variáveis, que podem ser desde aquelas com cerca de 1 L/min até outras com milhares de litros por minuto, sendo a magnitude da vazão de cada nascente dependente do tamanho e da riqueza do lençol responsável que a abastece.

Classificação das nascentes em função dos valores de vazão

Classe ou Magnitude
Vazão (L/min)
1
>170000
2
17000 – 170000
3
1700 – 17000
4
380 – 1700
5
38 – 380
6
4 – 38
7
0,6 – 4
8
< 0,6

Mas, vale ressaltar que o fato de uma nascente apresentar vazão de menos de um litro por minuto, não significa que ela é insignificante, pois mesmo fornecendo pouca vazão ela, ainda sim, é responsável pelo surgimento do primeiro pequeno córrego de um grande rio. E os rios somente serão perenes, apresentando fluxo ao longo de todo o ano, se sustentados por nascentes também perenes.
Normalmente, a redução de vazão dos rios tem início nas épocas de seca, sendo que esse comportamento começa a ocorrer no momento em que há uma diminuição da quantidade da água de chuva que infiltra no solo, o que deixa os lençóis fracos e as nascentes com baixas ou nenhuma vazão no período da estiagem. Portanto, esse fenômeno é muito adequado para justificar como o manejo adequado de uma bacia influencia na vazão dos rios.
Dessa forma, pode-se que, para conservar um rio, antes de tudo, implica salvar a sua nascente. Mas, como toda nascente é produto da bacia hidrográfica a qual está relacionada, isso significa dizer que as bacias precisam ser adequadamente manejadas, principalmente quando se pretende obter a produção de água.
As nascentes são também classificadas quanto ao tipo de reservatório a que estão associadas. Os lençóis freáticos dão origem a dois tipos de nascentes, que são as nascentes de encosta e as nascentes difusas. Os lençóis artesianos podem, também, ocasionar esses dois tipos de nascentes, mas em casos excepcionais.
  • Nascentes de encosta: elas surgem em decorrência da inclinação da camada impermeável ser menor que a da encosta, permitindo que, em um determinado ponto, ocorra um encontro da encosta com a camada impermeável, que é responsável pelo surgimento do lençol freático. Essas nascentes ocorrem principalmente nas encostas, serras e grotas de regiões montanhosas. Nesse tipo de nascente o fluxo de água ocorre em um único local de terreno, que corresponde ao ponto do encontro da encosta com a camada impermeável. As nascentes de encosta são também conhecidas como olhos d'água.
  • Nascente difusa: nos casos em que a camada impermeável situa-se de tal forma que fica paralela à parte mais baixa do terreno e estando mais próxima a sua superfície, ocorrerá um fluxo d'água infiltrada na encosta para o lençol freático. Esse fluxo promoverá uma elevação no nível de água do lençol freático, fazendo com que, em determinado momento, esse nível atinja a superfície do terreno. Essa elevação do nível do lençol freático provocará um encharcamento do solo, originando, de forma desordenada, o surgimento de um grande número de pequenas nascentes espalhadas por todo o terreno. Essas nascentes são chamadas de difusas. Elas ocorrem principalmente nos brejos e nas matas localizados nas partes mais baixas do terreno.


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