Coleta Seletiva

A coleta seletiva é um sistema de recolhimento dos resíduos recicláveis inertes (papéis, plásticos, vidros e metais) e orgânicos (sobras de alimentos, frutas e verduras), previamente separados nas próprias fontes geradoras, com a finalidade de reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo. Este sistema pode ser implantado em municípios, bairros residenciais, vilas, comunidades, escolas, escritórios, centros comerciais ou outros locais que facilitem a coleta dos materiais recicláveis.

PRINCIPAIS VANTAGENS
Economia de matéria-prima;
Economia de energia;
Combate ao desperdício;
Redução da poluição ambiental;
Potencial econômico pela comercialização dos recicláveis.

EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
No início do projeto de coleta seletiva, há um programa de divulgação e educação com distribuição de folhetos, difusão de mensagens e eventos nas comunidades, com o objetivo de sensibilizar o público para adesão da população ao projeto. Paralelamente, é desenvolvido um programa direcionado especialmente às escolas, empresas, serviços de saúde e órgãos públicos. Também são realizados cursos destinados à professores, diretores de escolas, líderes comunitários, agentes comunitários, etc., com o objetivo de formação de multiplicadores.

FORMA DE SEPARAÇÃO
O material separado deverá ser acondicionado em sacos plásticos apropriados para o lixo domiciliar. Usualmente utiliza-se a sacola plástica de supermercados como opção de reaproveitamento. Em alguns municípios é fornecido um saco plástico específico para a coleta diferenciada. Neste saco, a comunidade deve colocar seus resíduos recicláveis, sem haver necessidade de classificação dos materiais inertes.

FORMAS DE EXECUÇÃO DA COLETA SELETIVA
a) de casa em casa, com a coleta utilizando carrinhos tipo plataforma.
A remoção de casa em casa, consiste na coleta dos materiais recicláveis gerados por cada domicílio. Nos dias e horários determinados, garis coletam esses materiais, utilizando carro tipo plataforma para seu transporte. Para cobertura em grandes áreas, a implantação deste sistema exige um ponto de apoio para armazenamento do material coletado. Como estação de transferência pode ser utilizado um contêiner para grande volume ou um caminhão tipo baú.

b) de casa em casa, com a coleta utilizando caminhão.
É um sistema semelhante ao anterior, realizando a remoção de casa em casa. Esta atividade assemelha-se à da coleta regular, onde os materiais recicláveis, gerados por cada domicílio, são coletados nos dias e horários determinados. Os garis coletam esses materiais, e utilizam caminhões que podem ser simples ou mistos, para seu transporte. Os caminhões simples não apresentam compartimentos nas suas carrocerias com mais de um compartimento para armazenar diferentes produtos recicláveis.

c) por contêineres
Nesta forma de execução da coleta seletiva, o gerador dos resíduos recicláveis depositados em contêineres especiais, distribuídos em vários pontos da cidade ou comunidade. Os indivíduos são estimulados por programas de educação ambiental, valores de cidadania e ecologia. Os contêineres são facilmente identificados por cores e símbolos, para cada tipo de material reciclável. Neste sistema é necessário a equipe realizar a retirada dos materiais e transporta-los por caminhões para a unidade de reciclagem. Os contêineres podem ser adaptados aos caminhões, facilitando a operacionalização e redução da mão-de-obra.

d) por postos de entrega voluntária – PEVs.
São postos cadastrados pelas prefeituras, onde os indivíduos depositam seus resíduos recicláveis gerados, estimulados geralmente por campanhas incentivadas. Nestas campanhas os indivíduos, as escolas ou comunidades, recebem bonificações ou prêmios em troca destes materiais. A prefeitura se encarrega de transportar e comercializar esses resíduos diretamente com a indústria recicladora, ou indiretamente com os sucateiros. Na coleta seletiva os recipientes a serem utilizados, deverão obedecer às cores estabelecidas na Resolução Conama nº 275/2001.

DESTINO
Todos os resíduos recicláveis coletados serão conduzidos para as instalações da unidade de separação, onde por meio transportadores e equipamentos, serão separados e classificados. Após a classificação, os recicláveis serão prensados e reduzidos de volume. Já embalados, esses materiais serão comercializados para serem reciclados e reintroduzidos no ciclo produtivo. O transporte dos materiais comercializados, pode ser realizado por caminhões comuns. A responsabilidade deste transporte é negociada entre as partes.

IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO DE COLETA SELETIVA
a) Aspectos indispensáveis para elaboração do projeto:
Viabilidade executiva: os pontos mais importantes a serem considerados neste estudo são:
Tipo de material que se deseja reciclar;
Onde deve ser executada a coleta seletiva desse material;
Como e por quem deve ser executada essa coleta.
Viabilidade econômica: a falta de um estudo detalhado do costume de execução de uma coleta seletiva tem inviabilizado algumas tentativas de implantação desse processo.
Para se fazer uma coleta seletiva generalizada, em todos os bairros dos municípios é necessário levar em conta a quantidade e tipo de materiais a reciclar;
Viabilidade e interesse ecológico: é necessário avaliar quanto representa a reciclagem na economia em termos de destinação final;
Implicações de natureza social: as implicações tipo emprego, resgate da cidadania, reintegração de catadores de resíduos sólidos à comunidade devem ser considerados na elaboração do projeto da coleta e reciclagem, para determinação dos processos a serem empregados.

b) Etapas de elaboração do projeto de coleta seletiva: A coleta seletiva de lixo significa, antes de qualquer definição descritiva, uma mudança de procedimento das pessoas, que dela estarão participando. A experiência brasileira demonstra que muitos projetos não se consolidaram por falta de conhecimento prévio adequado dos seus mentores sobre o cenário e os atores da ação proposta. Falharam também ao esperarem adesão total do público e mudança de hábitos da noite p/ o dia, e ainda muitos deles esbarraram na falta de mecanismos ou mercado para escoar os materiais recicláveis coletados.
· Etapa 1. Levantamento das informações: Levantar as informações básicas é necessário para o dimensionamento e planejamento das ações na educação ambiental e coleta seletiva. Por intermédio de um roteiro, o mais detalhado possível, serão registradas todas as informações necessárias para identificar todos os fatores que influenciam as características dos resíduos sólidos no município, nas respectivas áreas de implantação do Projeto, tais como:
· Estimativas da quantidade de lixo gerada;
· Composição física;
· Parâmetros físico-químicos;
· Tipo de lixo;
· Número de habitantes;
· Poder aquisitivo;
· Condições climáticas;
· Hábitos da população;
· Taxas de incrementos da geração de lixo e limpeza;
· Classificação do resíduo; · Comunidades;
· Caracterização das áreas de influência.

Com esses dados será definido o número de multiplicadores para receberem o Curso Básico de Reciclagem em cada área de influência. Também será dimensionada toda a infraestrutura para operacionalização da coleta seletiva. Os equipamentos para processamento dos resíduos sólidos serão especificados e dimensionados a partir das taxas de incrementos populacionais, estimados para os próximos dez anos.

· Etapa 2. Divulgação e educação ambiental: Planejar as ações de educação ambiental e divulgação do projeto de coleta seletiva. A divulgação deve assegurar a realimentação e sucesso do projeto. Para que este programa tenha êxito, torna-se necessária a participação popular em cada ação desenvolvida, visando a gerar um sentimento de autoria e responsabilidade, garantindo desta forma, a continuidade dos trabalhos realizados, mesmo depois de encerrado o cronograma básico do projeto. A educação ambiental é uma peça fundamental para o sucesso do programa de implantação deste processo. Essa forma de educação, que neste caso visa a ensinar o cidadão sobre o seu papel como gerador de lixo, é principalmente dirigido à comunidade: escolas; repartições públicas; residências; escritórios; fábricas; lojas; e todos os outros locais onde é gerado resíduo. Quando a população fica ciente do seu poder ou dever de separar o lixo, passará a contribuir mais ativamente ao programa. Com isso, haverá um desvio cada vez maior dos materiais que outrora iam para o aterro, implicando uma economia de recursos. A informação sobre a realização da coleta seletiva deve ser divulgada regularmente ao público:
· Nas escolas, pode ser veiculada pelas cartilhas e atividades lúdicas;
· Para a população em geral, com ênfase para as empregadas domésticas, zeladores, etc., precisa ser mais específica abordando, por exemplo, o que deve ser separado, dia e hora de coleta; formas de atendimento etc.;
· Para o público, em geral, prestando contas das receitas, benefícios e metas.

Coleta seletiva sem ampla educação ambiental cai na mesma infelicidade de um cinema sem anúncio ou placas: ninguém vai saber, levando a iniciativa ao fracasso. As supostas economias, ganhas por não terem sido gastas com campanhas educativas, são eliminadas pelo custo altíssimo de caminhões de coletas seletivas, circulando vazios.

· Etapa 3. Dimensionamento do sistema de coleta seletiva: Definir toda infraestrutura necessária para implantar um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, previamente separados pelos integrantes da comunidade. A partir dos dados coletados na etapa 1 (coleta de informações), cada comunidade ou setor envolvido no projeto será mapeado por territórios para definição de:
· Número de catadores;
· Frequência da coleta;
· Extensão dos percursos;
· Números de postos de captação;
· Números de postos de coletas voluntárias;
· Equipamentos básicos;
· Meios de transportes;
· Setores de coletas;
· Horários.

A equipe que integrará a coleta diferenciada poderá ser composta pelas famílias que vivem em torno do aterro do município e pelos catadores de sucatas informais. Esta equipe receberá treinamento específico de aproximadamente dez horas. O curso permitirá capacitar os que atuam no setor, para transferir conhecimentos para a comunidade; e evidenciar o caráter de utilidade pública dos serviços prestados por essa categoria. A estrutura do curso está baseada em: relações humanas; limpeza pública; saúde do catador; trânsito; princípios do cooperativismo; aspectos práticos da cooperativa e identificação dos materiais. A administração e organização dos catadores poderão ser exercidas por uma cooperativa de iniciativa espontânea desses catadores. Também serão coordenadas campanhas para coleta seletiva em escolas, indústrias, comunidades religiosas, lojas, etc.


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