Fatores ligados ao povoamento

Copa: As espécies florestais, quando em povoamentos, competem na área de drenagem da nascente, por luz, nutrientes, e, sobretudo, por água, (objeto dessa discussão). Logo de início, pode-se afirmar que o formato das copas é diferente daquele quando os indivíduos se encontram isolados.

O volume da copa se modifica, e a estrutura e textura do povoamento, formadas pelo arranjo das árvores, influenciam sobremaneira a quantidade de água armazenada no dossel.

A atenuação do impacto das gotas de chuva será mais eficiente quando as copas se tocarem e quanto mais estratos verticais estiverem presentes nas árvores intermediárias e dominadas.

Se, por um lado, essa estrutura possibilita maior fragmentação das gotas de chuva e, por consequência, maior infiltração de água no solo, por outro lado, a quantidade que chega ao solo é menor.

Espaçamento: Quanto mais espaçados estiverem os indivíduos, maior será a quantidade de chuva que respinga na copa e ou penetra pelos espaços da floresta, atingindo o solo. Esse processo é chamado precipitação interna. Há de se estabelecer uma condição ótima de densidade do povoamento, para que o aumento da precipitação interna não incorra na formação de enxurradas e se instale a erosão.

Vegetação de sub-bosque: É constituída de árvores de pequeno porte, situada no estrato inferior, pela vegetação arbustiva, pela vegetação herbácea e mudas de árvores originadas dos estratos superiores (no caso de florestas nativas). A vegetação de sub-bosque é a base de sustentação do manejo florestal, quando se pretende, a médio e a longo prazo, conduzir o povoamento com finalidade de aumentar a produção de água. Os efeitos sobre o incremento da produção de água só serão evidenciados pelo manejo florestal, caso o tratamento seja concentrado nas árvores dominantes e codominantes. É a arte e a técnica de se "jogar" com a precipitação interna, a perda por interceptação e o escoamento pelo tronco, através de tratos silviculturais e de manejo com a finalidade de "injetar" mais água no solo.

O povoamento deve ser conduzido de tal modo que a interferência nos estratos superiores seja compensada pela garantia da regeneração, crescimento e desenvolvimento das mudas presentes na vegetação de sub-bosque.

Serrapilheira ("litter"): essa camada de folhas, casca, galhos e flores sobre o solo é fonte de produção de húmus, matéria orgânica que favorece o grau de agregação do solo, melhorando a sua estrutura e propiciando maior infiltração. As atividades de organismos nessa camada, também, melhoram a porosidade total do solo, aumentam a capacidade de retenção e infiltração de água no solo. Este retém maior quantidade de água por unidade de volume e, relativamente, por maior tempo.

Nesse particular, o dossel da floresta pode ser um condicionante para o favorecimento de maior retenção de água no horizonte superficial do solo.