O Elo Matemática-Música
Igor
Stravinski, compositor russo nascido em 1882 (autor de "O Pássaro de
Fogo", "A Sagração da Primavera", "Petruchka" etc.),
observou certa vez que a forma musical está muito mais próxima da forma
matemática do que a literária. Assim como Stravinski, muitos compositores
compartilham esse ponto de vista.
E
desde quando o homem começou a suspeitar desse inter-relacionamento?
Podemos
dizer que suas origens remontam à Antiguidade, quando Pitágoras e seus
discípulos fizeram um estudo das cordas vibrantes.
A
corda vibrante
Embora
certamente não tenham sido os pitagóricos os primeiros a observar que a
vibração de uma corda tensionada é capaz de produzir variados sons, a eles
devemos a primeira teoria sobre o relacionamento entre a Música e a Matemática.
Na sua forma mais simples, tal teoria pode ser assim descrita:
Tomemos
uma corda de violão, de 60 cm de comprimento, distendida ao máximo.
Ao
fazê-la vibrar, a corda emitirá um som, num determinado tom.
O
tom é a medida do grau de elevação ou abaixamento do som de um instrumento.
Suponhamos,
agora, que só a metade da corda (30 cm) vibre.
Um
novo tom será ouvido, ou seja: uma oitava harmônica acima do primeiro.
Quando
só 2/3 da corda vibrarem (isto é, 40 cm), o tom será uma quinta harmônica acima
do primeiro tom considerado.
A
razão do nome quinta harmônica é devido ao fato de que a nota representativa
desse tom se acha, numa pauta musical, a 2 espaços e 3 linhas da nota inicial,
perfazendo um total igual a 5.
No
caso da oitava acima, a nota representativa se acha a 4 linhas e 4 espaços da
nota original (total igual a 8).
Tomemos,
agora, uma corda, igualmente tensionada, cujo comprimento seja o dobro da
primeira (isto é, 120 cm). Ao vibrá-la, o tom ouvido será uma oitava harmônica
abaixo do inicial.
Assim,
Pitágoras descobriu que se pode abaixar ou aumentar um tom inicial,
aumentando-se ou diminuindo-se, respectivamente, o comprimento da corda
vibrante.
A
importância desses fatos, para Pitágoras, residia em que os novos tons se
associavam com o original por meio de frações, estabelecendo relações entre os
números naturais. Confirmava-se, pois, ainda mais a sua teoria de que tudo no
Universo estaria relacionado com os números naturais.
Pitágoras
elaborou sua teoria musical indicando as notas por meio dessas relações.
Assim,
para os pitagóricos, a fração 1/2 indicava uma oitava acima do primeiro tom.
Vejamos
como isso se aplica à escala musical. (A escala musical, tomando-se dó como tom
inicial, é: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.)
Por
exemplo, se o tom inicial é dó, a nota indicada por 2/3 será sol, ou seja, a
quinta nota acima de dó.
Do
mesmo modo, 6/5 de uma corda (maior que a considerada) que produza o dó
corresponderão à nota lá; 3/2, à nota fá; 16/15, à si; 2, à dó (uma oitava
abaixo).
Frequências
e intervalos
Sabemos,
atualmente, que tais razões são relações entre frequências.
A frequência de
uma corda corresponde ao número de vibrações que
emite por segundo, medidas numa unidade denominada hertz (abreviatura: Hz).
O
tom mais baixo perceptível pelo ouvido humano é de 16 oscilações por segundo.
Isto significa que ele tem uma frequência de 16 hertz. Podemos representar duas
vibrações sucessivas por uma onda constituída de
uma crista e de um vale. Tal onda recebe o nome de onda senoidal. Um tom cuja
frequência
corresponde a 16 hertz é representado
por 16 cristas de onda com 16 vales adjacentes.
Os
tons mais altos audíveis pelo ouvido humano têm frequências entre 14000 e 16000
Hz. Um contrabaixo, por exemplo, produz tons cujas frequências se acham entre
40 e 240 Hz. Os instrumentos que apresentam maiores faixas de frequência são os
órgãos e pianos (30 a 5000 Hz).
A
experiência nos mostra que o efeito musical de dois sons emitidos sucessiva
(melodia) ou simultaneamente (acordes) só depende das relações entre as suas
frequências (chamadas intervalos).
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